28 janeiro 2012

Faz hoje anos ... nascimento de Vergílio Ferreira




Vergílio António Ferreira, nasceu na aldeia de Melo, concelho de Gouveia, em 28 de Janeiro de 1916. 
  
Filho de António Augusto Ferreira e de Josefa Ferreira que, em 1927, emigraram para os Estados Unidos da América, em busca de melhores condições de vida, foi deixado, juntamente com os irmãos, ao cuidado de tias maternas. Esta dolorosa separação é descrita em Nitido Nulo. 

A neve - que virá a ser um dos elementos fundamentais do seu imaginário romanesco é o pano de fundo da infância e adolescência passadas na zona da Serra da Estrela. Aos dez anos, após uma peregrinação a Lourdes, entra no seminário do Fundão, que frequentará durante seis anos. Esta vivência será o tema central de Manhã Submersa.

Em 1932, deixa o seminário e acaba o Curso Liceal no Liceu da Guarda. Entra para a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, continuando a dedicar-se à poesia e, em 1939, escreve o seu primeiro romance - "O Caminho Fica Longe". Licenciou-se em Filologia Clássica em 1940.

Embora formado como professor, foi como escritor que mais se distinguiu. Foi autor, entre outras, das seguintes obras: Manhã Submersa (1954), Aparição (1959), Nítido Nulo (1971) e Conta-Corrente (1980-1988).

Em 1980, o realizador Lauro António adapta para o cinema, o romance Manhã Submersa e Vergílio Ferreira intrepreta um dos principais papéis, o de Reitor do Seminário.




Em 1992, foi galardoado com o Prémio Camões.

Vergílio Ferreira morreu no dia 1 de Março de 1996, em sua casa, em Lisboa.

O seu nome continua actualmente associado à literatura através da atribuição do Prémio Vergílio Ferreira. 

Um dos poemas mais conhecidos do escritor é: "Cai a Chuva Abandonada" 

Cai a chuva abandonada
à minha melancolia,
a melancolia do nada
que é tudo o que em nós se cria.

Memória estranha de outrora
não a sei e está presente.
Em mim por si se demora
e nada em mim a consente

do que me fala à razão.
Mas a razão é limite
do que tem ocasião

de negar o que me fite
de onde é a minha mansão
que é mansão no sem-limite.
Ao longe e ao alto é que estou
e só daí é que sou.

Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente 1'

De entre as citações mais conhecidas destaco uma que "fala" da originalidade e da diferença.

"Todo o escritor que é original é diferente. Mas nem todo o que é diferente é original. A originalidade 
vem de dentro para fora. A diferença é ao contrário. A diferença vê-se, a originalidade sente-se. 
Assim, uma é fácil e a outra é difícil."

Noutras citações, que devem fazer parte dos "compêndios" dos nossos políticos, afirma que ...

"Uma boa frase cria a sua verdade. É por isso que os políticos escolhem meticulosamente os seus slogans para criarem a deles."

      "Afirma com energia o disparate que quiseres, e acabarás por encontrar quem acredite em ti."

Fonte: http://cvc.instituto-camoes.pt/filosofia/1910j.html

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