15 março 2012

Florbela Espanca



Florbela Espanca nasceu em Vila Viçosa, a 8 de Dezembro de 1894, sendo batizada como Flor Bela de Alma da Conceição Espanca. A vida desta poetisa, de apenas trinta e seis anos, foi plena, embora tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimento que a autora soube transformar em poesia.

A sua infância foi vivida no Alentejo, em Vila Viçosa, e aos sete anos de idade escreveu a sua primeira poesia - «A Vida e a Morte» -, mostrando uma admirável precocidade. 

Em 1908, Antónia Lobo, a mãe de Florbela morre vítima de neurose, após o que a família se desloca para Évora, para Florbela prosseguir os seus estudos.  

Casa com Alberto Moutinho com apenas 19 anos. Em 1914, apesar de algumas dificuldades económicas, o casal muda-se para o Redondo, na Serra d' Ossa, onde abre um colégio e lecciona. Numa festa do colégio, Florbela recita, pela primeira vez, versos seus em público.  

Em 1917 inscreve-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, o que a obriga a mudar-se para Lisboa, onde começa a contactar com a vida boémia. Em 1919, separa-se do marido e passa a conhecer a rejeição da sociedade. Em 1921 casa com António Guimarães, de quem se separa 3 anos depois, o que leva a que a família de Florbela não lhe fale durante dois anos, o que a abala muito.

Em 1925, casa com Mário Lage. Dois anos depois, morre o seu irmão o que a torna uma mulher triste e desiludida e inspira «As Máscaras do Destino». Enquanto a relação com o marido se desgasta progressivamente, a neurose de Florbela agrava-se bastante.

A 8 de Dezembro de 1930 Florbela Espanca suicida-se.




Florbela Espanca deixou-nos um legado importantíssimo e os seus poemas têm sido recitados e cantados por alguns dos maiores vultos da cultura portuguesa. Aqui ficam alguns exemplos:

A actriz Eunice Munõz diz a poesia de Florbela Espanca


Um dos poemas mais conhecidos da poetisa é o poema "Amar".



Amar! 

Eu quero amar, amar perdidamente! 
Amar só por amar: Aqui... além... 
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente... 
Amar! Amar! E não amar ninguém! 

Recordar? Esquecer? Indiferente!... 
Prender ou desprender? É mal? É bem? 
Quem disser que se pode amar alguém 
Durante a vida inteira é porque mente! 

Há uma Primavera em cada vida: 
É preciso cantá-la assim florida, 
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar! 

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada 
Que seja a minha noite uma alvorada, 
Que me saiba perder... pra me encontrar... 

Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"


Mariza deu voz também a um dos poemas de Florbela Espanca, neste caso o poema "Desejos Vãos". 



Outro dos poemas mais conhecidos da poetisa é o poema "Ser Poeta (Perdidamente)" - e que foi magnificamente cantado por Luís Represas e musicado por João Gil.



Ser Poeta!

Ser Poeta é ser mais alto, é ser maior 
Do que os homens! Morder como quem beija! 
É ser mendigo e dar como quem seja 
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor! 

É ter de mil desejos o esplendor 
E não saber sequer que se deseja! 
É ter cá dentro um astro que flameja, 
É ter garras e asas de condor! 

É ter fome, é ter sede de Infinito! 
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim... 
É condensar o mundo num só grito! 

E é amar-te, assim, perdidamente... 
É seres alma e sangue e vida em mim 
E dizê-lo cantando a toda gente! 

Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"

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