A Portuguesa, hino nacional de Portugal, nasceu como uma canção patriótica em resposta ao ultimato inglês que exigia que Portugal abandonasse os territórios africanos compreendidos entre Angola e Moçambique, o denominado Mapa cor-de-rosa. Com letra de Henrique Lopes de Mendonça e música de Alfredo Keil, A Portuguesa é executada, pela primeira vez em público, a 1 de Fevereiro de 1890, num sarau lisboeta no Teatro São Carlos.
O hino, tal como a Bandeira, também mudou com a implantação da República, a 5 de Outubro de 1910. A sua escolha foi, no entanto, mais pacífica. Toda a gente aprovou a escolha de “ A Portuguesa “, que já existia e era cantada com fervor em homenagem ao povo português e à História de Portugal, no rescaldo emocional do Ultimatum feito por Inglaterra a Portugal em 11 de janeiro de 1890, facto que indignou a Nação e exaltou os mais altos valores patrióticos, e tornou-se a marcha dos revoltosos do 31 de janeiro. Certamente por esse motivo, foi proibida pelo regime monárquico. A revolução de 5 de outubro acabaria por recuperá-la.
Hino Nacional Português
Nome: "A Portuguesa" / Música: Alfredo Keil / Letra: Henrique Lopes de Mendonça
Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!
A música original tinha mais duas partes que foram retiradas em 1957. Achava-se que ficava muito comprido e difícil de decorar.
Desfralda a invicta Bandeira,
À luz viva do teu céu!
Brade a Europa à terra inteira:
Portugal não pereceu
Beija o solo teu jucundo
O Oceano, a rugir d'amor,
E teu braço vencedor
Deu mundos novos ao Mundo!
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!
Saudai o Sol que desponta
Sobre um ridente porvir;
Seja o eco de uma afronta
O sinal do ressurgir.
Raios dessa aurora forte
São como beijos de mãe,
Que nos guardam, nos sustêm,
Contra as injúrias da sorte.
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!
Alfredo Keil nasceu em Lisboa no dia 3 de Julho de 1850. Estudou no Colégio Britânico e desde pequeno mostrou ter muito talento para o desenho e para a música, tendo feito a primeira composição musical aos 12 anos. Quando terminou o liceu foi estudar Artes para a cidade de Nuremberga na Alemanha. Em 1870 regressou a Portugal. A par da actividade como pintor também se dedicou à música.
Em 1890, o ultimato inglês inspirou Alfredo Keil que deu voz à indignação geral compondo "A Portuguesa". Henrique Lopes de Mendonça escreveu para esta música o poema Heróis do Mar, que se tornou popular em todo o país e veio a ser adoptada pela Assembleia Constituinte como hino nacional da República Portuguesa em 1911. Mas Alfredo Keil não chegou a saber porque morreu em Hamburgo a 4 de Outubro de 1907 onde tinha ido submeter-se a uma operação cirúrgica.
Henrique Lopes de Mendonça nasceu em Lisboa a 12 de Fevereiro de 1856 e foi professor, conferen-cista, dramaturgo, cronista e romancista português. Em 27 de Outubro de 1871 foi para a armada Portuguesa como aspirante da marinha onde depois foi promovido a Guarda – marinha e a capitão Mar - e - Guerra onde tempo depois se reformou.
Foi professor da cadeira de História da Escola de Belas-Artes de Lisboa e membro efectivo da Academia das Ciências de Lisboa onde em 1915 foi nomeado presidente. Em 1925 foi co-fundador da Sociedade Portuguesa de Autores. Mas o que mais o ligou à história de Portugal foi ter escrito em 1910 “A Portuguesa” com a música de Alfredo Keil que a República Portuguesa utilizou como Hino Nacional.
Henrique Lopes de Mendonça morreu a 24 de Agosto de 1931.
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