Bartolomeu Dias, português de origens judaicas nascido em 1450 (pensa-se), conquistou o seu lugar na história de Portugal e do Mundo por ter sido o primeiro europeu a navegar para além do extremo sul do continente Europeu.
O navegador português, ao serviço de D. João II, Rei de Portugal, conseguiu assim “dobrar” o Cabo das Tormentas, local que a partir de então passaria a ser conhecido por Cabo da Boa Esperança numa clara alusão ao facto de este ser o ponto de partida para se alcançar o oceano Indico a partir do oceano Atlântico e a todas as possibilidades, económicas e expansionistas, que isto encerrava na época.
A Bartolomeu Dias foi-lhe encomendada esta importante missão acima de tudo porque era um homem com um nível de formação que garantiam ao monarca lusitano uma percentagem bastante grande de possível êxito. Bartolomeu Dias foi aluno de Matemática e Astronomia na Universidade de Lisboa e serviu na fortaleza de S. Jorge da Mina, referências que o habilitavam quer a determinar as coordenadas de um local, quer a enfrentar tempestades e calmarias como as que assolavam frequentemente o Golfo da Guiné.
Assim, em finais de Agosto de 1487, Bartolomeu Dias larga de Lisboa ao mando de três embarcações, duas caravelas e uma naveta, com rumo traçado em direcção Cabo das Tormentas com o objectivo de encontrar a tão ansiada passagem marítima para as Índias, afinal o propósito último que leva D. João II a empreender esta empresa.
A viagem, tal como Bartolomeu Dias teria oportunidade de relatar na primeira pessoa ao seu soberano, estaria cheia de sobressaltos e dificuldades, tornando a tarefa mais complicada do que se julgaria a princípio.
Finalmente, em 3 de Fevereiro de 1488, passados quase 6 meses desde a partida de Lisboa, a expedição alcança o seu objectivo.
Conta-se que, antes do regresso a casa, Bartolomeu Dias, observando por última vez o famoso cabo que tinha conseguido “dobrar”, terá dito “Tormentoso, mas porquê, se a tormenta já lá vai? Assinalas o caminho para a Índia, por isso vou chamar-te da Boa Esperança…”.
Bartolomeu Dias tinha alcançado o feito necessário para que D. João II lhe endereçasse o convite para liderar a expedição mais lógica nestas circunstâncias: encontrar o caminho marítimo para a Índia. Mas esse convite nunca chegaria.
Primeiro porque o monarca pôs termo aos descobrimentos enquanto não se assegurou de que o atlântico viria a ser reconhecido por todos, especialmente pelos castelhanos, como um mar português, o que só viria a acontecer em 1494, quando os dois estados ibéricos assinaram o Tratado de Tordesilhas.
Finalmente, porque em 1495 D. João II viria a morrer e subiria ao trono D. Manuel I, monarca que em 1497 empreende de facto a busca pelas Índias mas que entrega o comando da expedição a Vasco da Gama. Bartolomeu Dias sai de Lisboa integrado na armada de Vasco da Gama, mas o seu destino não é a Índia, antes será São Jorge da Mina, local para onde D. Manuel I o destacara. Mais tarde regressará a Lisboa e em Março de 1500 está à frente de uma das naus da segunda armada portuguesa com rumo à Índia, liderada desta feita por Pedro Álvares Cabral.
Bartolomeu Dias iria, finalmente, cumprir o seu grande sonho: navegar até ao oriente através do caminho que ele próprio ajudara a abrir. A expedição de Pedro Álvares Cabral viria, nesta viagem e de forma acidental, a descobrir as primeiras terras a que mais tarde dariam o nome de Brasil. Outro marco significativo da história portuguesa no qual Bartolomeu Dias esteve envolvido.
Depois dos primeiros contactos com os nativos das novas terras descobertas, os portugueses rumam novamente para a Índia, o seu destino original, no inicio de Maio de 1500. No dia 23 do mesmo mês avistariam o Cabo da Boa Esperança e por essa altura uma tempestade de proporções gigantescas destrói e afunda 4 naus da armada, entre elas a de Bartolomeu Dias. Ironia do destino, o navegador encontra a morte no mesmo local que anos antes o tinha levado à glória.
Fonte: http://www.historiadeportugal.info/bartolomeu-dias/
A propósito da epopeia dos Descobrimentos, Fernando Pessoa escreveu um poema muito bonito:
Mar Português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
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