25 fevereiro 2012

Faz hoje anos ... Nascimento de Cesário Verde


A 25 de Fevereiro de 1855, nasceu, em Lisboa, o poeta português José Joaquim Cesário Verde. Oriundo de uma família burguesa abastada, o pai era lavrador e comerciante. Foi por essas duas actividades práticas, úteis, de acordo com a visão do mundo do próprio Cesário Verde, que se repartiu a vida do poeta. 

Paralelamente, ia alimentando o seu gosto pela leitura e pela criação literária, embora longe dos meios literários oficiais com que nunca se deu bem, o que o levou, por exemplo, a abandonar o Curso Superior de Letras da Faculdade de Letras de Lisboa, que frequentou entre 1873 e 1874. Cesário Verde estreou-se, nessa altura, colaborando nos jornais Diário de Notícias, Diário da Tarde, A Tribuna e Renascença. A falta de estímulo da crítica e um certo mal-estar relativamente ao meio literário, fazem com que deixe de publicar em jornais.

Faleceu a 19 de Julho de 1886, vítima de tuberculose. 

Fonte: http://www.astormentas.com/din/biografia.asp?autor=Ces%E1rio+Verde

Aqui fica um dos seus poemas:

Arrojos

Se a minha amada um longo olhar me desse 
Dos seus olhos que ferem como espadas, 
Eu domaria o mar que se enfurece 
E escalaria as nuvens rendilhadas. 

Se ela deixasse, extático e suspenso 
Tomar-lhe as mãos "mignonnes" (1) e aquecê-las, 
Eu com um sopro enorme, um sopro imenso 
Apagaria o lume das estrelas. 

Se aquela que amo mais que a luz do dia, 
Me aniquilasse os males taciturnos, 
O brilho dos meus olhos venceria 
O clarão dos relâmpagos nocturnos. 

Se ela quisesse amar, no azul do espaço, 
Casando as suas penas com as minhas, 
Eu desfaria o Sol como desfaço 
As bolas de sabão das criancinhas. 

Se a Laura dos meus loucos desvarios 
Fosse menos soberba e menos fria, 
Eu pararia o curso aos grandes rios 
E a terra sob os pés abalaria. 

Se aquela por quem já não tenho risos 
Me concedesse apenas dois abraços, 
Eu subiria aos róseos paraísos 
E a Lua afogaria nos meus braços. 

Se ela ouvisse os meus cantos moribundos 
E os lamentos das cítaras estranhas, 
Eu ergueria os vales mais profundos 
E abateria as sólidas montanhas. 

E se aquela visão da fantasia 
Me estreitasse ao peito alvo como arminho, 
Eu nunca, nunca mais me sentaria 
Às mesas espelhentas do Martinho. 


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