Florbela Espanca nasceu em Vila Viçosa, a 8 de Dezembro de 1894, sendo batizada como Flor Bela de Alma da Conceição Espanca. A vida desta poetisa, de apenas trinta e seis anos, foi plena, embora tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimento que a autora soube transformar em poesia.
A sua infância foi vivida no Alentejo, em Vila Viçosa, e aos sete anos de idade escreveu a sua primeira poesia - «A Vida e a Morte» -, mostrando uma admirável precocidade.
Em 1908, Antónia Lobo, a mãe de Florbela morre vítima de neurose, após o que a família se desloca para Évora, para Florbela prosseguir os seus estudos.
Casa com Alberto Moutinho com apenas 19 anos. Em 1914, apesar de algumas dificuldades económicas, o casal muda-se para o Redondo, na Serra d' Ossa, onde abre um colégio e lecciona. Numa festa do colégio, Florbela recita, pela primeira vez, versos seus em público.
Em 1917 inscreve-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, o que a obriga a mudar-se para Lisboa, onde começa a contactar com a vida boémia. Em 1919, separa-se do marido e passa a conhecer a rejeição da sociedade. Em 1921 casa com António Guimarães, de quem se separa 3 anos depois, o que leva a que a família de Florbela não lhe fale durante dois anos, o que a abala muito.
Em 1925, casa com Mário Lage. Dois anos depois, morre o seu irmão o que a torna uma mulher triste e desiludida e inspira «As Máscaras do Destino». Enquanto a relação com o marido se desgasta progressivamente, a neurose de Florbela agrava-se bastante.
A 8 de Dezembro de 1930 Florbela Espanca suicida-se.
Florbela Espanca deixou-nos um legado importantíssimo e os seus poemas têm sido recitados e cantados por alguns dos maiores vultos da cultura portuguesa. Aqui ficam alguns exemplos:
A actriz Eunice Munõz diz a poesia de Florbela Espanca
Um dos poemas mais conhecidos da poetisa é o poema "Amar".
Amar!
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!
E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...
Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"
Mariza deu voz também a um dos poemas de Florbela Espanca, neste caso o poema "Desejos Vãos".
Outro dos poemas mais conhecidos da poetisa é o poema "Ser Poeta (Perdidamente)" - e que foi magnificamente cantado por Luís Represas e musicado por João Gil.
Ser Poeta!
Ser Poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma e sangue e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda gente!
Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"
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